COSAC BMA & CentroSP


Hoje li a reportagem na Piauí de 2016 (sdds) de quando a Cosac & Naify fechou.
Em 2009, último ano da faculdade, eu trabalhei de monitora para a professora Anne Shirley. Como eu tinha voltado a morar com minha mãe, peguei o segundo salário, fui na festa feira do livro na USP, e comprei todos os livros que eu tinha passado a faculdade inteira namorando. Muitos da Cosac. A Anne Shirley tava na época dos seminários de história da arte, imagina! Que livros lindos, coloridos, cheirosos, táteis e um tanto caros (mesmo com o desconto da festa). Nem lembro como carreguei tudo pra casa.
Acho que eu tô um pouco nostálgica com livros pq sinto que os livros que li em 2019/2020 serão os últimos em papel. Comprei o Kindle e me adaptei bem, ao contrário do que pensava, e desejava… na esperança de fugir de ao menos de uma das telas. Mas em vão: eu adoro carregar vários livros em poucas gramas, pular de um pro outro em segundos, ler os PDFs da pós bem longe do computador.
Também em 2016 eu mudei pro centrão de sp e decidi que ia ficar uns meses sem wi-fi em casa. Eu queria me esforçar em reduzir meu tempo de conexão. Tentando exercitar um “minimalismo monetário” (eu testo onde chega meu senso de economia).
Passava o dia trabalhando e usando a rede da Biblioteca Mário de Andrade, e pegando livros pra ler quando chegasse em casa e não tivesse nem Netflix nem YouTube… nem mesmo uma ligação de whatsapp ao alcance da vontade.
Nesse ano descobri Dickens, Alice Munro, Nick Hornby, Roth…
…que o primeiro andar, onde fica o acervo de livros apenas para consulta, tem a melhor relação conexão wi-fi / silêncio, mas que a melhor vista é, sem dúvida, a do mezanino (conexão média).
No começo do ano de 2020 (sdds 2) eu estava trabalhando na Circus. O prédio fica bem em frente a biblioteca, e depois de anos fiquei feliz de voltar a frequentá-la. Antes do carnaval peguei dois livros, um do David Sedaris, um de gerenciamento de tempo, e um dvd com três filmes do Leon Hirszman: A falecida, Partido Alto e Nelson Cavaquinho …
Estamos em abril de 2021 e os exemplares ainda me olham da prateleira. Tentei devolver algumas vezes, dentre alguns dias frustrados tentando marcar uma hora pra devolução (o site tava com meu perfil conflitando com o login da prefeitura …sistemas que nos engolem / ajudam / gente depende).
Recebi um comunicado que estava aberta apenas para devolução. Saí com os livros na mochila e fui de metrô, atravessei a República para descobrir que eles já tinham fechado: sem placa, sem nada. Voltei com os livros pra casa, o caminho extremamente deserto.
Em 2017 a biblioteca deixou de ficar aberta 24 horas. foi alegado que o custo era muito alto, 97% dos empréstimos eram feitos entre 8 e 22h. A biblioteca servia mesmo mais de abrigo e um banheiro possível para moradores, muitos em situação de rua do centro, o que sinceramente, não acho um mau uso para um aparelho público cheio de papel (sacrilégio), apesar da economia ter sido grande.
A BMA foi a primeira e a principal biblioteca pública de São Paulo. Abrigou, a partir de 1946, a primeira coleção pública de arte moderna do país, que depois foi pra Pinacoteca. No primeiro andar da entrada principal tem o melhor wifi, na entrada da Av. São Luís, do lado de onde guarda as bolsas, tem um pátio lindo e cheio de árvores. A vista do mezanino é para as obras do Alex Flemming, para o deck, e para o final da rua da Consolação.
*Em 2016 a Cosac doou parte do acervo remanescente para ela. Em janeiro de 2017, o então prefeito João Dória apontou Charles Cosac, ex-presidente da editora Cosac Naify, como novo diretor. Em 2019, Alê Youssef entregou a direção da casa à bibliófila e escritora Joselia Aguiar.
Ah, e o banheiro é ótimo! (Sdds3)

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